Resenha | Razão e sensibilidade, de Jane Austen
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Razão e sensibilidade, de Jane Austen |
Razão e sensibilidade foi a primeira obra publicada pela maravilhosa Jane Austen com sua escrita crítica, sagaz e inteligente. Ela dividiu a história em três volumes, o livro nos transporta a uma Inglaterra do século XVIII, onde as pessoas viviam de forma frívola, priorizando as aparências e os bens materiais.
Neste universo, somos apresentadas às irmãs Dashwood. Após a morte do Sr. Dashwood, frente a decepções e grandes mudanças, a história ganha um ritmo legal com a família chegando ao chalé em Barton, embalados pela companhia dos seus vizinhos Sir John, Lady Middleton; e a excêntrica Sra. Jennings. As irmãs são introduzidas a uma vida social agitada, recheada de descobertas e momentos amargos.
“Há algo tão encantador nos preconceitos de uma mente jovem que é triste vê-los ceder lugar a opiniões mais geralmente aceitas”
Elinor e Marianne são dois lados da mesma moeda, onde uma é a razão a outra é sensível. Admito que tive dificuldade de criar empatia com os personagens. A primeira parte da história nos apresenta personagens volúveis e de uma variedade de personalidades, das cativantes, monótonas, às intragáveis. Passei por um misto de desistir da leitura para curiosidade do que o futuro reservava.
Marianne é pura emoção, se entrega sem pensar e muitas vezes é egocêntrica; já Elinor é a realista, pensa antes de agir e assume atitudes com cautela. Ambas almejam um amor avassalador, mas são confrontadas com a realidade de não terem dinheiro dentro de uma sociedade que os casamentos são acordos financeiros. É impressionante como os casais retratados são uma grande representação daquela sociedade!
“A importância e o poder não fazem ninguém feliz”
A segunda parte nos leva a Londres, onde temos um enredo mais dramático e as aparências deixam de enganar as personagens e o leitor; o que parecia estar dando
certo, desmorona e corta o coração. A sra. Jennings ganha um
destaque importante e monstra ser mais do que uma senhora sem filtro, mas uma
amiga leal nos momentos difíceis. Amei a surpresa, não esperava este desenvolvimento!
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Razão e sensibilidade, de Jane Austen |
Marianne lida de forma irresponsável com os problemas, negligenciando a saúde e Elinor assume o peso, dando o tempo e apoio que a irmã precisa, esquecendo até de si mesmo. Achei importante a retratação como cada uma lidou com as dificuldades, mostrou o quanto devemos ter responsabilidade e empatia frente as situações.
“Mas quando existe muito dinheiro de um lado, e nenhum do outro, que Deus abençoe os homens!, eles não ligam para outra coisa”
A terceira, e ultima parte da história, começa com grandes emoções, algo que me deixou feliz, porque não há maior satisfação do que as pessoas sentirem o próprio veneno! Só acho que mais personagens deveriam colher o que plantam! Edward é o único injustiçado e sofre muito por sua imprudência.
O retorno das irmãs a Barton, após uma longa estadia cheia de novidades (boas e ruins!) em Londres, é lento e dramático com personagens a beira da morte e redenções que não fazem diferença, mas mostram que todos sofrem consequências. Há reviravoltas que nem imaginamos, Jane Austen tira onda! E vamos enaltecer o coronel Brandon que fica no olho do furacão e, apesar disso, permanece inabalável durante todo o livro!
“A sua indiferença não é justificativa para a cruel negligencia com que a tratou”
Razão e sensibilidade
é uma longa história de amadurecimento, Marianne tem a melhor
evolução, mas Elinor mostra que até o porto seguro mais forte precisa de apoio.
Diferente de Orgulho e preconceito,
não tive uma simpatia e identificação instantânea,
mas fui cativada pelas aventuras e dilemas das irmãs Dashwood. Talvez eu possa afirmar que Orgulho e preconceito seja o conto de fadas; e Razão e sensibilidade uma dose da realidade com um final feliz.
O tom de crítica do livro é surpreendente, trazendo pessoas sem escrúpulos, preconceituosos e avarentos em uma sociedade superficial. Não existe filtro, nem floreio em diversas passagens. Jane Austen foi, sem duvidas, uma pessoa a frente do seu tempo e suas histórias refletem a pessoa icônica que foi um dia. E SEMPRE colocando as mulheres em local de destaque. Ela deu voz as mulheres, em uma época que não se tinha.
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