Resenha | A Protegida, de Lisa Kleypas
Série: The Travis Family
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A protegida, de Lisa Kleypas |
Autora: Lisa Kleypas
Editora: Gutenberg
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A protegida tem uma sinopse que entrega o roteiro da história e traz diversos spoilers, mas é um livro que não deixa a desejar, ele retrata os acontecimentos com delicadeza e responsabilidade. Liberty inicia a sua jornada com meros 14 anos, quando se muda com a sua mãe para a pequena cidade de Welcome, no Texas.
O Texas, ingrediente importantíssimo no enredo, é várias vezes citado como referência às experiências, acontecimentos e desenvolvimento da personagem. O perigo, após a leitura, é sair com vontade de conhecer a terra quente dominada pelo petróleo. SIM, temos bastante clichê no pacote!
“A pena anda de mãos dadas com o desprezo. Nunca se esqueça disso, Liberty. Você não pode aceitar sobras nem ajuda dos outros, porque isso dá às pessoas o direito de se sentirem superiores a você”
Logo quando se instalam no estacionamento de Trailers, Liberty conhece o jovem Hardy Cates, um garoto de uma família muito humilde, que chama atenção por sua presença marcante e brilhantes olhos azuis. Ele se mostra prestativo e protetor mesmo mal a conhecendo. Eles criam uma ligação singular de amizade que flerta com algo mais e se desenvolve no decorrer da juventude deles.
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A protegida, de Lisa Kleypas |
A mãe de Liberty, Diana, era uma mulher forte, intransigente, misteriosa em alguns aspectos, que fez tudo o que estava a seu alcance para criar a filha após o marido falecer. Isso não quer dizer que deixou de errar e fazer escolhas duvidosas. Já a Sra. Marva, a vizinha de certa idade e descolada, torna-se uma referência materna para Liberty que contrabalanceia com a mãe que nem sempre está aberta ao diálogo, ironicamente é em Marva que a mãe encontra uma amiga.
“Mais tarde, naquele ano, descobri que as vezes a vida tem um senso de humor cruel, entregando aquilo que você sempre quis no pior momento possível...”
A adolescência é uma época de inseguranças e descobertas, erros e corações machucados. A única certeza, seja na juventude ou na vida adulta, é que não dá para viver algo quando um não quer. Não tem sentimento certo que dê jeito. A escolha é a chave da questão. E Hardy faz a escolha dele, vai embora de Welcome com uma despedida daquelas!
“Que tipo você quer?” – Perguntei sem dificuldade
“Alguém que eu possa deixar sem olhar para trás”
Logo após a partida de Hardy, Liberty perde a mãe. O choque da perda e as consequências dela são retratados gradativamente. O luto é recebido com gosto amargo e deixado em segundo plano porque a realidade chega cedo para Liberty. Ela precisou assumir Carrington muito jovem após a mãe falecer.
“Cada barulho novo do nosso carro era um alerta de algum problema caro que se escondia debaixo do capô amassado. Cada conta da casa tinha que ser analisada, e cada taxa misteriosa da companhia telefônica precisava ser contestada. Não existe paz na pobreza.”
Alguns amigos certos são o apoio nos momentos que mais se precisa. Liberty passa por necessidade, desespero, mas vai em busca de algo melhor. Foco e objetivo foram a chave do negócio; e isso foi mérito inteiramente dela.
E durante a sua jornada ela conhece Churchill, um magnata do petróleo. Ele aparece como quem não quer nada, mostrando seu jeito imperativo e se torna um amigo inusitado ao longo dos anos (Sim, a história se passa ao logo de 10 anos!). Há especulação sobre a relação deles, mas ela é puramente paternal. Infelizmente, Liberty sofre com as especulações e há momentos de tensão com Gage Travis, filho de Churchill. Digamos que o leitor não se torna fã de Gage no inicio.
“Não tem que demorar muito tempo para você perceber se alguém combina com você. Se demorar, você é cego ou burro”
Diante de tudo o que passou na vida, Liberty é uma mulher com os pés fincados ao chão, ela abraça as oportunidades com responsabilidade e muito trabalho. Já sua vida amorosa, sempre foi deixada de lado por questões mais importantes e se desenvolve lentamente; é muito gostoso ver o quanto ela cresce e se descobre ao longo do tempo.
“Eu sempre pensei que se tratava de encontrar a pessoa certa, mas na verdade, a questão é escolher a pessoa certa, não é...? Fazer uma escolha verdadeira e entregar seu coração”
Lisa Kleypas constrói as relações sem pressa, o livro não corre solto, o ritmo é lento e bem construído. Ao longo de 10 anos nós acompanhamos, sofremos e nos frustramos junto com a personagem, nos abraçamos aos seus dilemas. Se você está procurando um livro rápido, está no lugar errado! Lisa se tornou uma das minhas autoras queridas, porque fazia um tempo que não encontrava um livro tão bem construído.
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A protegida, de Lisa Kleypas |
OBSERVAÇÃO: A protegida, primeiro livro da série best-seller do The New York Times, The Travis Family, foi a estreia da autora em romances contemporâneos e foi finalista do RITA, o maior prêmio destinado a romances nos Estados Unidos.
OBSERVAÇÃO 2: A Passionflix anunciou em fevereiro de 2020 que fará a adaptação do romance A protegida, primeiro livro da série The Travis Family.
Aguardando por mais novidades!
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